Jimi Hendrix morreu em 18 de setembro de 1970. Depois de 37 anos, sua obra continua sendo estudada, reverenciada e inspirando inúmeros músicos pelo mundo inteiro. Quando alguma revista, jornal ou rádio promove uma lista com os maiores guitarristas de todos os tempos, um mesmo fato se repete: O nome Jimi Hendrix sempre aparece em primeiro lugar.
Nesta semana, antecedendo a próxima edição do Blues com Z (28/01), toda dedicada ao reinventor da guitarra, com apenas pérolas de colecionadores, vamos publicar algumas histórias desse mito; uma entrevista pontual com Bob Tequilla, apaixonado e conhecedor da obra e trajetoria do guitarrista e também um dos responsáveis pela comunidade We Miss Jimi Hendrix no Orkut e várias outras curiosidades.
Neste primeiro post estamos publicando um pequeno perfil de Hendrix extraido do livro Blues - da lama à fama, de Roberto Muggiatti-1995. Se você não lei este livro ainda corra atrás dele. Além deste pequeno perfil de Hendrix é uma das melhores obras sobre a história do Blues publicadas no Brasil.
...Jimi Hendrix morreu com 28 anos. No auge de sua carreira - aqueles anos admiráveis entre 1967 a 1970 - existia uma cultura em que brancos e negros, masculino e feminino, político e poético se fundia numa mesma entidade. Hendrix, nativo de Seattle - a terra do grunge - precisou ir até a Inglaterra e se fantasiar de dândi psicodélico para conquistar a América. O guitarriosta dos Rolling Stones (que morreria misteriosamente no ano seguinte), viajou da Inglaterra até Monterrey só para anunciar o espetáculo de Jimi, no mesmo festival que revelou Janis Joplin. Jimi fez uma apresentação inesquesível, culminando com a queima ritual da sua guitarra sobre o palco. James Marshall Hendrix foi um dos primeiros war babies americanos: nasceu em 1942, ano que os EUA , entraram efetivamente na Segunda Grande Guerra Mundial. Seu pai era um jardineiro negro; sua mãe, filha de uma índia Cherokee. Jimi estudou gaita-de- boca, depois violino. Aos 11 anos, ganhou uma guitarr. Aos 14 - cabelos gomanilados, gravata-borboleta e summer jacket - aniva bailes nas noites de sábado como Rocking Kings. Seus professores eram os discos de cantores de Blues como BB King e Muddy Waters e do roqueiro Ckuck Berry. O disco que saiu em 1994, Blues, mostrando a ligação de Jimi com o gênero, trás incríveis revelações. Nas extensas notas de capa, Michael J. Fairchild afirma que Hendrix teria tido uma iniciação vodu e Blues em Macon, na Georgia, aos 13 anos, em 1956. Para justificar sua tese, Fairchild cita Michael Ventura em Whola Earth Rewiew:
" Nos anos de 1650, depois que Oliver Cromwell conquistou a Irlanda numa série de massacres, ele deixou seu irmão Henry como governador da ilha. Na década seguinte, Henry vendeu milhares de irlandeses, principalmente mulheres e crianças para as Índias Ocidentais. Cálculos falam de 30 a 80 mil pessoas. Os escravos irlandeses, em sua maioria mulheres, foram casadas com africanos. Virtualmente todo relato sobre o vodu indica, a certa altura, como são semelhantes as suas práticas de bruxaria com as práticas da feitiçaria européia. Pagões praticantes da Irlanda infundiram suas crenças aos africanos, misturando no vodu duas grandes correntes de metafísica não-cristã."
Este caldeirão afro-irlandês, dentro de um caldeirão americano que continha o índio Cherokee, revela a linguagem clássica de Jimi Hendrix. O pai diz que Jimi costumava ouvir BB King e Muddy Waters e tocar guitarra acompanhando os discos. Jimi esclarece: "onde aprendi realmente a tocar Blues foi no Sul, quando servi o exército durante nove meses." Estudiosos da vida e obra de Jimi Hendrix estabeleceram até uma ligação com Robert Johnson. Em 6 de março de 1942, o maior tornado que já se abateu sobre o Delta varreu da face da terra o botequim Three Forks, onde Robert foi envenenado. Nove meses depois, nascia Jimi Hendrix.
Hendrix teve uma experiência de estrada rica em Blues. Excursionou pelos EUA, Canadá e Bermudas com o grupo Isley Brothers. No Tennessee, çparticipou de um pacote itinerante de Rhythm & Blues que incluia seu ídolo BB King, mas perdeu o ônibus e ficou a pé em Kansas City. Lá achou uma vaga na banda de Little Richard, o primeiro superstar andrógino do rock. Jimi largou a companhia em San Francisco e entrou para a turnê de Ike & Tina Turner Revue, que o levou até Nova York. No Verã de 1966, Jimi - com o nome de Jimmy Lames, acompanhado pelo grupo The Blues Flames - era uma atração exótica do Café Au Go Go, no Village e vários astros britânicos foram vê-lo.: os Beatles, três dos Rolling Stones, Bob Dylan. Chas Chandler, guitarrista do grupo The Animals, em turnê pelos EUA, propôes a Hendrix: "Venha para a Inglaterra e farei de você uma estrela." Dito e feito. Com roupas coloridas, um novo nome, um baixista e um baterista brancos e o trio batizado de Jimi Hendrix Experience, Jimi aterrissou com impacto no cenário do rock, saudado como " o guru do Blues eletrônico." O dinheiro e a fama tiveram sobre Jimi o mesmo efeito destrutivo que acabou com Janis e Jim Morrison. Na roda viva do "sexo, droga e rock'roll (parece clichê, mas é pura verdade). Jimi brilhou no Festival de Woodstock em 1969 fez um concerto pela paz no Madison Square Garden de Nova York, uma filmagem meio maluca no Havaí. (Rainbow Bridge) e uma apresentação frustrante no Festival da Isla The Wight, em 1970. Na noite de 16 de setembro, em Londres, Jimi foi ver Eric Burdon no club de jazz de Ronnie Scott e deu uma canja. Tocou pela última vez e tocou Blues. No dia 18, foi encontrado inconsciente no quarto do hotel e chegou ao hospital morto. O patologista registrou "morte por sufocação causada pela inalação de vómito após a intoxicação por barbitúricos".
Jimi foi outro enterrado vivo pelos Blues. Chegou a gravar alguns deles: Rock Me Baby, de BB King e Bleeding Heart, de Elmore Lames. E toda sua música estava impregnada de Blues, uma espécie de tradução pra a Era do Homem na Lua da velha tradição do Delta., um casamento perfeito das raízes com a alta tecnologia. Na sua última entrevista à imprensa, depois do Festival da Isla The Wight, Hendrix falou sobre a corrente sonora do futuro.
"Gosto de Richard Strauss e de Wagner, são caras legais e acho que vou formar a base da minha nova música. Mas pairando no céu acima de tudo estarão os Blues - haverá a celestial música do Ocidente e a suave música do Oriente, misturadas para formar uma coisa só."
Nesta semana, antecedendo a próxima edição do Blues com Z (28/01), toda dedicada ao reinventor da guitarra, com apenas pérolas de colecionadores, vamos publicar algumas histórias desse mito; uma entrevista pontual com Bob Tequilla, apaixonado e conhecedor da obra e trajetoria do guitarrista e também um dos responsáveis pela comunidade We Miss Jimi Hendrix no Orkut e várias outras curiosidades.
Neste primeiro post estamos publicando um pequeno perfil de Hendrix extraido do livro Blues - da lama à fama, de Roberto Muggiatti-1995. Se você não lei este livro ainda corra atrás dele. Além deste pequeno perfil de Hendrix é uma das melhores obras sobre a história do Blues publicadas no Brasil.
...Jimi Hendrix morreu com 28 anos. No auge de sua carreira - aqueles anos admiráveis entre 1967 a 1970 - existia uma cultura em que brancos e negros, masculino e feminino, político e poético se fundia numa mesma entidade. Hendrix, nativo de Seattle - a terra do grunge - precisou ir até a Inglaterra e se fantasiar de dândi psicodélico para conquistar a América. O guitarriosta dos Rolling Stones (que morreria misteriosamente no ano seguinte), viajou da Inglaterra até Monterrey só para anunciar o espetáculo de Jimi, no mesmo festival que revelou Janis Joplin. Jimi fez uma apresentação inesquesível, culminando com a queima ritual da sua guitarra sobre o palco. James Marshall Hendrix foi um dos primeiros war babies americanos: nasceu em 1942, ano que os EUA , entraram efetivamente na Segunda Grande Guerra Mundial. Seu pai era um jardineiro negro; sua mãe, filha de uma índia Cherokee. Jimi estudou gaita-de- boca, depois violino. Aos 11 anos, ganhou uma guitarr. Aos 14 - cabelos gomanilados, gravata-borboleta e summer jacket - aniva bailes nas noites de sábado como Rocking Kings. Seus professores eram os discos de cantores de Blues como BB King e Muddy Waters e do roqueiro Ckuck Berry. O disco que saiu em 1994, Blues, mostrando a ligação de Jimi com o gênero, trás incríveis revelações. Nas extensas notas de capa, Michael J. Fairchild afirma que Hendrix teria tido uma iniciação vodu e Blues em Macon, na Georgia, aos 13 anos, em 1956. Para justificar sua tese, Fairchild cita Michael Ventura em Whola Earth Rewiew:
" Nos anos de 1650, depois que Oliver Cromwell conquistou a Irlanda numa série de massacres, ele deixou seu irmão Henry como governador da ilha. Na década seguinte, Henry vendeu milhares de irlandeses, principalmente mulheres e crianças para as Índias Ocidentais. Cálculos falam de 30 a 80 mil pessoas. Os escravos irlandeses, em sua maioria mulheres, foram casadas com africanos. Virtualmente todo relato sobre o vodu indica, a certa altura, como são semelhantes as suas práticas de bruxaria com as práticas da feitiçaria européia. Pagões praticantes da Irlanda infundiram suas crenças aos africanos, misturando no vodu duas grandes correntes de metafísica não-cristã."
Este caldeirão afro-irlandês, dentro de um caldeirão americano que continha o índio Cherokee, revela a linguagem clássica de Jimi Hendrix. O pai diz que Jimi costumava ouvir BB King e Muddy Waters e tocar guitarra acompanhando os discos. Jimi esclarece: "onde aprendi realmente a tocar Blues foi no Sul, quando servi o exército durante nove meses." Estudiosos da vida e obra de Jimi Hendrix estabeleceram até uma ligação com Robert Johnson. Em 6 de março de 1942, o maior tornado que já se abateu sobre o Delta varreu da face da terra o botequim Three Forks, onde Robert foi envenenado. Nove meses depois, nascia Jimi Hendrix.
Hendrix teve uma experiência de estrada rica em Blues. Excursionou pelos EUA, Canadá e Bermudas com o grupo Isley Brothers. No Tennessee, çparticipou de um pacote itinerante de Rhythm & Blues que incluia seu ídolo BB King, mas perdeu o ônibus e ficou a pé em Kansas City. Lá achou uma vaga na banda de Little Richard, o primeiro superstar andrógino do rock. Jimi largou a companhia em San Francisco e entrou para a turnê de Ike & Tina Turner Revue, que o levou até Nova York. No Verã de 1966, Jimi - com o nome de Jimmy Lames, acompanhado pelo grupo The Blues Flames - era uma atração exótica do Café Au Go Go, no Village e vários astros britânicos foram vê-lo.: os Beatles, três dos Rolling Stones, Bob Dylan. Chas Chandler, guitarrista do grupo The Animals, em turnê pelos EUA, propôes a Hendrix: "Venha para a Inglaterra e farei de você uma estrela." Dito e feito. Com roupas coloridas, um novo nome, um baixista e um baterista brancos e o trio batizado de Jimi Hendrix Experience, Jimi aterrissou com impacto no cenário do rock, saudado como " o guru do Blues eletrônico." O dinheiro e a fama tiveram sobre Jimi o mesmo efeito destrutivo que acabou com Janis e Jim Morrison. Na roda viva do "sexo, droga e rock'roll (parece clichê, mas é pura verdade). Jimi brilhou no Festival de Woodstock em 1969 fez um concerto pela paz no Madison Square Garden de Nova York, uma filmagem meio maluca no Havaí. (Rainbow Bridge) e uma apresentação frustrante no Festival da Isla The Wight, em 1970. Na noite de 16 de setembro, em Londres, Jimi foi ver Eric Burdon no club de jazz de Ronnie Scott e deu uma canja. Tocou pela última vez e tocou Blues. No dia 18, foi encontrado inconsciente no quarto do hotel e chegou ao hospital morto. O patologista registrou "morte por sufocação causada pela inalação de vómito após a intoxicação por barbitúricos".
Jimi foi outro enterrado vivo pelos Blues. Chegou a gravar alguns deles: Rock Me Baby, de BB King e Bleeding Heart, de Elmore Lames. E toda sua música estava impregnada de Blues, uma espécie de tradução pra a Era do Homem na Lua da velha tradição do Delta., um casamento perfeito das raízes com a alta tecnologia. Na sua última entrevista à imprensa, depois do Festival da Isla The Wight, Hendrix falou sobre a corrente sonora do futuro.
"Gosto de Richard Strauss e de Wagner, são caras legais e acho que vou formar a base da minha nova música. Mas pairando no céu acima de tudo estarão os Blues - haverá a celestial música do Ocidente e a suave música do Oriente, misturadas para formar uma coisa só."
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