- O Carnaval já não é mais o mesmo há muito tempo, principalmente para os não adeptos da maior festa popular do país. Mas, ao invés de retiro, muita gente vem criando alternativas para este momento de festa.
Para os apreciadores de Blues, Jazz e afins, algumas opções bastante atraentes vem acontecendo pelo país. - Já temos, há 8 anos, o Festival de Blues & Jazz de Guaramiranga ( post aqui no blog) agora o projeto Garanhuns Jazz e Blues Festival (post aqui no blog) no interior de Pernambuco. Este ano em São Paulo tem o Carna Blues, cinco noites num bar paulistano só com grupos de Blues..
- Segundo Hiram Araújo, diretor cultural da LIESA – Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro -, pesquisador do Carnaval e autor do livro "Carnaval – Seis Milênios de História" -, a dificuldade no estudo da história desse evento se encontra na falta de material e documentos sobre o assunto. Em meio a muitas explicações encontradas na mídia sobre a origem do carnaval, a de que ele teria surgido com a criação dos cultos agrários pelos povos primitivos é confirmada por Araújo no primeiro capítulo desse seu livro. A oficialização das festas dedicadas a Dionísio, de 605 a 527 a. C., teriam completado o processo.
As festas de culto ao deus Dionísio - também conhecido como Baco, em Roma – que aconteciam há mais de três mil anos na Grécia eram celebrações profanas, que se estendiam por três dias. Durante esse período os pagãos dançavam, cantavam e faziam orgias, numa espécie de "vale-tudo".
Baco, por Caravaggio |
A base dessas festas era a inversão, que se dava através de uma teatralização coletiva. O processo era ajudado pela pintura que mulheres e homens faziam em suas faces e pelas roupas que usavam, que os descaracterizavam de seus papéis comuns na sociedade e os faziam assumir outros, ainda que metaforicamente. Dessa forma, homens pobres podiam se tornar reis por alguns dias e mulheres posavam de damas, por exemplo. Também de forma metafórica, os foliões falavam dos governantes e para eles, como se estivessem fazendo um "acerto de contas". E para tudo isso aproveitavam-se do anonimato, já que estavam com aparências diferentes em função das fantasias.
Quando as homenagens a Dionísio – o deus brincalhão, do deboche e da irreverência - começaram a acontecer, as cortes, os sacerdotes e os ricos não gostaram nada, entre outras razões porque eram o principal motivo das sátiras dos pagãos. No entanto, assumindo a máxima "se não pode vencê-los, junte-se a eles", acabaram se rendendo também aos festejos após uma tentativa frustrada de reprimi-los. No século VI a.C., Pisístrato, o tirano de Atenas, passou também a homenagear Dionísio e ainda construiu um templo na Acrópole, o teatro Dionísio, que abrigaria concursos de peças cômicas ou dramáticas.
Até hoje, percebe-se essa idéia de inversão, trazida ao mundo pelas festas profanas direcionadas a Dionísio, em alguns locais onde o carnaval é uma manifestação de forte impacto. O de Veneza, por exemplo, é exuberante e conhecido no mundo pela navegação de gôndolas iluminadas pelos canais da cidade e a concentração, na Praça de São Marcos, de personagens típicos, como arlequins, polichinelos e outros da Comédia d'ell arte. Historicamente, conta com máscaras muito criativas e bem elaboradas, também famosas internacionalmente. As máscaras, apesar de remeterem ao disfarce que garantia o anonimato para se divertir na Grécia e em Roma, surgiram bem antes das homenagens a Dionísio: na pré-história mesmo já eram utilizadas.Além da Itália, outros países europeus têm carnavais tradicionais também, especialmente aqueles em que há predominância católica. Na Alemanha - onde a festa se chama "Karneval" ou, mais ao sul, "Fasching" e vai de 11 de novembro à quarta-feira de Cinzas - existe a mesma noção de válvula de escape tão característica do Carnaval. A animação é grande principalmente no Mainz, em Düsseldorf, Bonn e em Colônia, às margens do Reno. O carnaval de Nice, na França, é bem conhecido, pela monumental parada de carros alegóricos a as gigantescas figuras que são movimentadas.
Nos Estados Unidos, Nova Orleans se destaca pelo Mardi Grass, que significa terça-feira gorda e teve origem em 1857. Durante o período, dezenas de agremiações desfilam pelas ruas da cidade, as pessoas saem de casa fantasiadas e os bares ficam abertos 24 horas por dia. Em meio a uma mistura de estilos musicais, essencialmente de origem negra, as bandas de jazz sobressaem.
No Japão também há carnaval, mas numa época diferente: em agosto do ano passado, em Tóquio, meio milhão de pessoas se aglomeraram para ver as 25 escolas de samba locais, na 26a. edição do Asakusa Samba Carnival. Um detalhe curioso: a escola vencedora utilizou fantasias confeccionadas aqui no Brasil, que chegaram na véspera do desfile, para vestir e enfeitar seus 80 membros da bateria e 150 dançarinos.
- No Brasil
Baseado nestes dados, é justo que se celebre este evento com muita alegria e descomprometimento, afinal, também é uma louvação à música, "da mistura de ritmos de origem negra", de dança e de fantasia.
Bom Carnaval Bluesy a todos!!!!!!!!!!!!!!!!!
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